A ginástica brasileira amanheceu mais feliz hoje e não tinha música mais icônica para representar Rebeca Andrade e a sua conquista da Medalha de Prata nas Olimpíadas de Tóquio. Nascida na periferia de Guarulhos (grande São Paulo), a atleta enfrentou várias lesões até subir ao pódio hoje. Ela escreveu o seu nome na história do esporte brasileiro, que já deu grandes alegrias com Daiane dos Santos, Dani e Diego Hipólito, Jade Barbosa, Arthur Nory, Arthur Zanetti e tantos outros e outras que defenderam as cores verde e amarela.
Rebeca, nascida na grande São Paulo e de origem humilde, deixou a casa da sua mãe aos 9 anos de idade para se dedicar ao esporte que a colocaria na história. Após superar três cirurgias graves por lesões no joelho, ela subiu ao pódio das Olimpíadas hoje, 29 de julho de 2021. A atleta chegou a cogitar a desistência, mas por sorte de todos os brasileiros que puderam acompanhar o seu gingado, a sua mãe Rosa Santos, não permitiu.
A sua história é parecida com a de milhões de brasileiros e brasileiras espalhados por este país. A sua mãe era empregada doméstica e sempre batalhou para sustentar Rebeca e seus irmãos. Graças a sua tia e a insistência dela, a atleta, finalista em outros aparelhos da ginástica, começou a participar de um projeto para crianças carentes da Prefeitura de Guarulhos. O projeto da Secretaria de Esportes do município acontecia no ginásio Bonifácio Cardoso.
Reviravoltas
Porém, como falado mais acima, o que acontece com a maioria dos brasileiros, voltou a assombrar a atleta. Sua mãe nem sempre tinha condições financeiras de pagar a condução até os treinos. Foi quando sua técnica na época, Keli Kitaura fez uma proposta para a jovem atleta e para os seus familiares. Propôs que Rebeca fosse morar com ela aos finais de semana, evitando assim que seu enorme talento fosse desperdiçado. Já um pouco mais tarde, Keli ofereceu para a menina de 9 anos ir para Curitiba, treinar com a Seleção Brasileira.
Mesmo com as incertezas do momento, ela aceitou e sua mãe a apoiou. Mesmo nos dias difíceis, quando a atleta não conseguia fazer o que era pedido pelos treinadores e ligava para sua mãe pensando em desistir, Dona Rosa estava lá para acalmar e dar forças à filha. Foi quando uma proposta mudou a sua vida e um contrato com o Flamengo foi assinado. Rebeca e Keli então juntaram as suas malas e foram para o Rio de Janeiro.
Rebeca passou por uma cirurgia no pé e teve o rompimento dos ligamentos do joelho. Ela chegou a cogitar a desistência da carreira, mas sua mãe, mais uma vez, estava lá presente para lhe dar a força necessária para continuar. Nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, ela não estava totalmente recuperada da sua lesão, e segundo ela mesma, também não estava madura o suficiente para lidar com as pressões impostas pelo esporte. A atleta terminou em nono lugar naquela competição. Mais uma cirurgia no joelho e em 2018 ela já estava competindo no Mundial. Em 2019, na final do Campeonato Brasileiro ela se lesionou mais uma vez e viu os sonhos de disputar o pré-olímpico para Tóquio diminuírem, mas a persistência sempre foi a principal arma da atleta.
Realização de um sonho em Tóquio
Em 2020 o mundo presenciou algo para o qual não estava preparado. A pandemia do novo Coronavírus adiou uma série de eventos esportivos ao redor do planeta e, para o azar do planeta, ela poderia ficar de fora das Olimpíadas sem nem ter a chance de disputar uma vaga. Mas contra tudo e contra todos, a competição aconteceu seguindo os protocolos impostos naquele momento e Rebeca Andrade foi campeã no individual geral, garantindo assim a sua vaga nas Olimpíadas.
Quando ela se apresentou no Rio de Janeiro nas Olimpíadas de 2016, ela escolheu Beyoncé para ser a trilha sonora de suas apresentações. “A Beyoncé correu atrás dos sonhos dela sem passar por cima de ninguém. É uma pessoa humilde e isso a fez ainda mais especial. Ela serve de espelho para mim. É uma das seis pessoas mais admiradas por todo mundo. Eu adorei poder tê-la na minha série”, declarou ao Globo Esporte. Mas os coreógrafos e a medalhista de prata queriam mais. Eles queriam algo que representasse o Brasil, algo que representasse a vida de Rebeca.
Foi quando em uma apresentação realizada na Alemanha, a atleta apresentou sua série ao som de um Funk, o “Baile de Favela”. Em Tóquio essa música não só conquistou a medalha de prata. Essa música e Rebeca encantaram o Brasil e o mundo todo, tirando aplausos até de Simone Biles, a melhor ginasta do mundo na atualidade.