Na madrugada desta quinta-feira (24) a Rússia atacou a Ucrânia, após dias tensos e muitas ameaças de Vladimir Putin, presidente russo. A invasão já está sendo considerada a pior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Putin atacou a infraestrutura militar e os guardas de fronteira em Donbas, porém ouviram-se explosões perto das principais cidades da Ucrânia.
Foto: Getty Images
Putin autorizou, em pronunciamento televisionado, uma operação militar nas regiões separatistas do leste da Ucrânia. O presidente russo justificou a ação afirmando que “a Rússia não poderia tolerar ameaças da Ucrânia”. Ele solicitou aos soldados ucranianos que largassem suas armas e voltassem para casa e disse que não vai aceitar nenhuma interferência estrangeira. A autoridade máxima russa afirmou que “a resposta será “imediata” contra qualquer um que tente parar a operação”.
Foto – AndyFoto 0 Buchanan/Getty Images
Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, pediu que a população permaneça calma e impôs a Lei Marcial. Isso significa que as leis civis passam a ser substituídas por regras militares. “Nessa manhã, a Rússia lançou uma nova operação militar contra o nosso Estado. Essa é uma invasão completamente cínica e infundada. Nós, os cidadãos da Ucrânia, temos determinado nosso futuro desde 1991”, disse em referência ao ano do colapso da União Soviética. “Mas agora, o que está sendo decidido não é somente o futuro do nosso país, mas o futuro de como a Europa quer viver. Sem pânico. Nós somos fortes. Estamos prontos para tudo. Vamos vencer todos porque somos a Ucrânia”, declarou. Segundo o líder ucraniano, já nos primeiros ataques, pelo menos 50 pessoas morreram.
Qual o motivo desta invasão?
Vladimir Putin acredita que a Ucrânia seja uma marionete do Ocidente e nunca considerou o país um Estado adequado. Desde muito tempo que a Rússia não concorda com a movimentação realizada pela Ucrânia para se aproximar das instituições europeias, tanto a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) quanto a União Europeia.
Putin exige que a Ucrânia não se junte à Otan – aliança militar de 30 países – e se torne um país desmilitarizado e neutro. Para Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores russo, a expansão da Otan é um problema. “Para nós, é absolutamente mandatório garantir que a Ucrânia nunca, jamais se torne um membro da Otan”, disse.
Atualmente o Estado-Membro mais recente da Otan é a Macedônia, que entrou em 2020, e a instituição reconhece a Bósnia e Herzegovina, a Geórgia, e a Ucrânia como membros aspirantes.
Foto – BBC
Existe uma divisão entre os ucranianos . Funciona da seguinte forma: parte da população ucraniana (e mais nacionalista) que vive na região ocidental do país apoia uma maior integração com a Europa, enquanto a comunidade do leste, principalmente de língua russa, defende laços mais estreitos com Moscou.
A Ucrânia é ex-república soviética e ainda possui laços culturais e sociais com a Rússia, porém desde 2014, quando os russos invadiram a Crimeia e Sevastopol, as relações se desgastaram e essa guerra no leste já custou mais de 14 mil vidas. A geração nascida após o fim da União Soviética não aceita o “imperialismo” da Rússia.
Brasil diante da guerra entre Rússia e Ucrânia
O Brasil reafirmou anteontem (22) que existe a necessidade de se respeitar os princípios da Carta das Nações Unidas levando em consideração os legítimos interesses de segurança da Rússia e da Ucrânia. A nota foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) que afirmou ainda que, diante da situação criada em torno do status das auto proclamadas entidades estatais do Donetsk e do Luhansk, o Brasil “apela a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno”.