Um policial militar matou um cachorro vira-lata com 2 disparos de arma de fogo na manhã de ontem, quinta-feira, 24, no bairro Letícia, região de Venda Nova. A execução teria ocorrido, segundo a versão veiculada pela PM, em Estado de Necessidade. No depoimento, o militar contou que estava de folga e caminhando com seu cão quando os dois foram surpreendidos e atacados por um “cachorro de grande porte que estava solto na via”.
O dono do animal que foi executado afirmou que o vira-lata teria se soltado da coleira e que rosnou para o cão do policial, da raça american bully. “Ele se soltou e estava correndo, fiquei uns 20 minutos atrás para conseguir pegá-lo. Ele correu na direção da rua Padre Pedro Pinto e veio um policial à paisana subindo com um cachorro. Quando os cães se viram, acabaram se estranhando e rosnaram um para o outro. O rapaz pegou uma arma e nem tentou afastar meu cachorro, deu dois disparos, sendo que no primeiro ele já caiu”.
Ainda segundo o dono do vira-lata, após os disparos o policial teria dito que ele era “um irresponsável”, em razão da fuga do cachorro. Ele relatou ainda que o policial teria dito que ele deveria ser preso e “tinha sorte de não levar um tiro na cara”. Segundo o proprietário do vira-lata, o cão nunca atacou ninguém antes e todos no bairro já o conheciam. “Ele [o cão] tinha 11 anos. Quando chegou lá em casa, meu filho tinha 4 anos. Eles cresceram juntos, ele era da nossa família, agora meu filho chegou e encontrou ele morto. Naquele momento que se soltou da guia, ele só queira correr. Estou arrasado”.
Testemunhas Indignadas
Uma testemunha confirmou que o policial confrontou e ameaçou com a arma o dono do vira-lata. “Todo mundo assustou com o que aconteceu, na hora pensamos que era uma bomba. Quando eu fui ver o que estava acontecendo, vi o policial dando o segundo tiro”, conta a mulher, que também preferiu não se identificar. “A gente fica indignado com isso, porque cansamos de ver a luz do dia bala perdida. A bala poderia atingir outra pessoa. O que aconteceu foi um absurdo e não tenho nem palavras. A vida de um animal ninguém pode tirar”, afirmou.
Após a ocorrência, afirmou a testemunha, uma viatura da Polícia Militar teria ido ao local. Os agentes colocaram o policial à paisana na viatura e ainda teriam tentado intimidar o dono do vira-lata. “A perícia da Polícia Civil foi chamada e mandaram não tirar o cão do lugar. O policial militar que veio aqui não queria fazer a ocorrência e falou: ‘É bom que a Polícia Civil vindo eles já fazem o boletim de ocorrência’”.
Dois vídeos, gravados por testemunha e divulgados pelo BHAZ, mostram o momento em que o policial e o dono do vira-lata discutem, após a execução. Em um segundo vídeo, testemunhas chamam o policial de “assassino”, na rua Elias Antônio Issa.
Confira:
Nota da Polícia Militar
Confira a nota divulgada pela Polícia Militar sobre o caso:
“Com relação ao REDS 2021-30395701-001, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que, segundo a versão do policial militar, que estava de folga e a paisana, durante caminhada com seu cão, da raça American Bully, eles foram atacados por um cachorro de grande porte que estava solto na via e que chegou a gritar para que o animal se afastasse. Ainda de acordo com o militar, ao defender-se e defender o seu cão de uma agressão oriunda de outro animal, ele agiu em Estado de Necessidade, conforme previsto no Código Penal brasileiro, efetuando disparos de arma de fogo. A PMMG esclarece ainda que o policial militar e o proprietário do cão atingindo foram conduzidos à Delegacia de Polícia Civil, com os materiais apreendidos, para as providências cabíveis”.
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