Que o isolamento social é a medida mais eficaz para conter o avanço do novo coronavírus, todos já sabemos. O que pudemos aprender com isso é que essa solidão temporária mudou a rotina de muita gente que precisou aprender a lidar com crises psíquicas como ansiedade, depressão, entre outros transtornos.
“Ficar em casa, ocioso, com medo do noticiário, ou de ser contaminado, não poder se socializar, parar de ir a escola, a academia, não festejar o aniversário, enfim, foram tantas mudanças em tão pouco tempo que começamos a pirar”. Esse é o relato da operadora de telemarketing, Lilian Lauren, do bairro Santos Dumont, mas poderia ser de qualquer brasileiro que tem respeitado as medidas de isolamento social na pandemia.
Do outro lado, dois irmãos, dançarinos e educador físico, que viram a vida se transformar após o fechamento das academias e a suspensão de aulas coletivas. “Era o nosso ganha pão! Como faturar e pagar as contas no final do mês? O auxílio emergencial já diz tudo, é uma emergência, mas não cobre as contas. Passamos por um período desesperador, muitos profissionais do setor se deprimiram. Então precisamos nos reinventar”, conta o dançarino e educador físico Alexander.
Foi aí que os irmãos Alexsander Calazans, Lucas Menezes e Rafaela Rodrigues, de Belo Horizonte, criaram o Projeto Dança Minas, que oferece aulas de dança através de uma plataforma online. De forma divertida, os dançarinos interagem com quem está em casa, criam coreografias fáceis e divertidas para envolver desde o público infantil até pessoas idosas. “Todo mundo pode dançar e cada aluno tem uma forma diferente de aprendizado. A desculpa de “não sei dançar” ou “não tenho coordenação motora” não vale, qualquer um pode. E aqui, além de praticar atividade física, o que vale é a interação, manter a socialização ainda que por meios digitais em momentos como esse”, explica o professor de Fit Dance, Lucas.
E é aí que as histórias do projeto “Dança Minas” e da operadora, Lilian, do bairro Santos Dumont, se cruzam. “Pude voltar a praticar a dança e isso salvou minha vida. Eu estava num quadro avançado de ansiedade e depressão e isso me trouxe de volta a vida, poder me movimentar, interagir com outras pessoas e cuidar da saúde física e emocional. Voltei a ter esperança”, comemora Lilian.
De acordo com o educador físico, esta percepção de melhoria na saúde de Lilian tem embasamento científico, pois dançar é uma atividade que traz os mesmos benefícios físicos que as outras: melhora a condição muscular, promove o ganho de condicionamento físico, melhora o equilíbrio e a condição articular. “A dança tem um efeito terapêutico porque promove a socialização e melhora a concentração, não é possível dançar com os pensamentos em outro lugar, o foco é totalmente nos movimentos e os problemas dão um tempo, pelo menos naquele instante. Então é um aliado em casos de depressão, melhora da autoestima e afins”, explica o profissional.
Encantados com os muitos adeptos da modalidade online, os dançarinos tentam surpreender os alunos a cada dia e usam a criatividade ao trazer aulas temáticas, com fantasias, ritmos divertidos e de forma encorajadora. “É gratificante saber que somos um instrumento que muda para melhor a vida das pessoas. Promover o bem estar é uma missão profissional, promover, também, o bem estar social é algo encorajador para tempos como esse que o mundo enfrenta”, conclui.
Quer conhecer mais ou participar do projeto “Dança Minas”? Siga o canal no Youtube, @dançaminas. Siga também os integrantes @lukinhadance @calazansalexsander.

Foto: Alexsander Calazans (Esquerda) e Lucas Menezes (Direita)
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