Mariana Pimenta
Nascido em Pedra Azul, no nordeste de Minas, João Alves dos Santos, João de Ana, é conhecido pelas suas belas composições. Ele conquistou a primeira colocação no Festival da Canção 2019 de Lagoa Santa, que aconteceu durante o 196ª Jubileu de Nossa Senhora na Praça Dr. Lund.
O músico, cantor e compositor, apresentou a canção “Dignidade”, escrita em “um momento muito tumultuado”, quando ainda morava na Bahia. “Meu parceiro de composição e amigo veio a falecer. Cheguei a pensar em desistir. Essa música veio como uma resposta para eu continuar.”
No ano passado, João participou pela primeira vez do festival. Ele foi premiado em segundo lugar com a música “Minas Canções”, composta também na Bahia em parceria com o amigo e cantor Zé Henrique. “Foi uma emoção muito grande tocar essa música no festival. Foi uma homenagem a esse grande amigo que não pode desfrutar da nossa composição.”
Infância
O artista conta que o gosto pela música nasceu do carinho e do amor de seu pai que chegava cansado do trabalho, pegava o violão e tocava lindas canções. “Eu deitava no colo dele e ficava escutando até dormir. Todo dia era essa rotina.” E foi observando o pai que o menino de apenas quatro anos, pegou o violão escondido e dedilhou as primeiras notas. Desde então, nunca mais se separou da arte.
Da roça para a cidade
Aos sete anos, João se mudou para a cidade com seus pais e os oito irmãos. “Em todo lugar que eu passava, tinha alguém tocando. Um dia, meu pai comprou um disco de chorinho e eu fiquei fascinado. Me impactou tanto, que a partir desse dia decidi ser músico.”
Porém, mesmo apaixonado pela arte, João resolveu seguir os conselhos de seu pai. “Ele me colocou em uma oficina e eu me tornei mecânico.” Mas não tinha jeito, após o expediente ele se arrumava e saía para tocar. E foi assim até a sua adolescência.
Aos 16 anos, João se mudou para Belo Horizonte. Chegando à cidade, conseguiu emprego como mecânico, onde ficou cerca de dois anos, até que um amigo de infância o convidou para montar uma banda na cidade natal. Com um grande interesse em se tornar músico, ele retornou para Pedra Azul. Lá, entrou de cabeça na carreira artística.
De volta a Pedra Azul
Eles criaram o “Grupo Musical Sol Nascente” e começaram a fazer grupos de serestas, bandas de baile e fizeram shows por toda cidade. No auge do sucesso, João se desligou da banda e começou traçar novos rumos. Foi integrante da “Banda Nossa”. Depois, o músico passou a ser conhecido como Johnny e fez um duo de MPB, “Johnny e Roberta”, em Montes Claros.
“O sucesso aconteceu muito rápido. Eram shows atrás de shows, muitas entrevistas, muitos convites, inclusive para fazer shows fora do Brasil. Fomos para BH para gravar um disco autoral.” Foi nessa época que João conheceu Lagoa Santa, desfez o dueto e, logo em seguida, foi convidado para levar sua arte para Bahia. “Fiz muitas composições em parceria com um amigo, realizei vários shows, gravei um disco, participei de muitos festivais importantes ,alcançando boas colocações. Mas meu amigo veio a falecer e eu fiquei bem desmotivado.”
Após cerca de quatro anos morando na Bahia, João retornou para Lagoa Santa. Desde então, vem realizando várias apresentações e participações em festivais, conquistou várias amizades no ramo artístico e parcerias com artistas renomados. “Aqui, a vida artística começou a decolar novamente.”
Hoje, com 20 anos de carreira, lagoassantense de coração, João continua com a carreira solo. Toca e canta em um grupo de forró, “Pé de Forró”, e realiza uma parceria com a contadora de história Alessandra Vicentin com projeto “Contação de História”. Com várias composições de sucesso, sua última conquista foi o Festival da Canção. A expressão “vive de música para a música” define muito bem esse artista que não se imagina sem a música. “A música é um sopro de vida. É o ar que eu respiro todos os dias”, expressa João de Ana.
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