O governo do Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou a compra das vacinas da fabricante indiana Bharat Biotech por um preço 1000% maior do que o anunciado pela própria farmacêutica. As informações foram obtidas através de investigações realizadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Os documentos, obtidos pelo jornal, através do Ministério das Relações Exteriores, sustentam as denúncias realizadas pelo Estadão.
Em um telegrama emitido pela farmacêutica em agosto de 2020 informou a embaixada brasileira na Índia, que o valor do imunizante era de 100 rúpias na época, ou seja, o equivalente a 1,34 dólares a dose. Em dezembro de 2020, a empresa voltou a contatar o Governo Bolsonaro e dizia que a sua dose era mais barata que uma garrafa de água. Já em fevereiro de 2021, o Ministério da Saúde, ainda chefiado por Eduardo Pazuello, braço direito do Presidente, pagou 15 dólares por dose da vacina, cerca de R$80,70 reais. Esta foi a vacina mais cara comprada pelo Governo Federal. Pazuello é investigado na CPI da Covid, pelo péssimo tratamento que ofereceu para a pandemia que já matou mais de 500 mil brasileiros.
Ainda segundo o jornal paulista, a ordem de compra da vacina partiu diretamente de Bolsonaro, o tempo de negociação demorou apenas três meses. Tempo bem menor do que os que envolviam a negociação dos outros imunizantes. Para base de comparação, a vacina da Pfizer teve sua negociação estendida por 11 meses. E o preço por dose foi de 10 dólares. Na época o Presidente alegava que o valor pago era alto demais para os cofres públicos e mesmo assim, fechou contrato com a Bharat Biotech por um preço mais alto.
Outra estranheza ocorrida na compra das vacinas indianas, é que diferente do que ocorreu com outros fabricantes, a compra da Covaxin foi intermediada por uma empresa farmacêutica brasileira, enquanto as outras foram negociadas diretamente com os fornecedores. A farmacêutica Precisa Medicamentos virou alvo das investigações da CPI da Covid. Um de seus sócios, Francisco Maximiano, teve os seus sigilos bancários e telefônicos quebrados e terá que depor para os Senadores nesta quarta-feira, 23 de junho de 2021.
A empresa de Maximiano é alvo de outra investigação. Ela foi favorecida pelo Governo do Distrito Federal na venda de exames rápidos para a doença. O Ministério Público suspeita que a Precisa tenha faturado, de maneira ilícita, 21 milhões de reais em contratos realizados com o DF. As desconfianças sobre a empresa não param por aí. Ela tem como sócia outra companhia do ramo da saúde, a Global Gestão em Saúde S. A. Está segunda empresa é acusada de ter recebido do DF, 20 milhões de reais por medicamentos que nunca foram entregues ao Estado. O contrato foi fechado pelo antigo chefe da Secretaria, Ricardo Bastos (Progressistas). Hoje, Bastos é o líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados.
Um Secretário do Ministério da Saúde revelou para o Estadão que recebeu pressões anormais para a aquisição da vacina indiana Covaxin. Segundo ele, estas pressões não ocorreram em negociações com outras farmacêuticas, como a própria Pfizer ou então com a Fundação Oswaldo Cruz, responsável pela produção da vacina da AstraZeneca no Brasil. O responsável pelas pressões teria sido Alex Lial Marinho, que é coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde.