Depois de uma semana bastante movimentada nas redes sociais com imagens de escorpiões no banheiro, no quintal e nos quartos das casas de moradores de Lagoa Santa, o Portal Impactto resolveu apurar mais a fundo algumas informações que ficaram sem respostas. Por exemplo: o que fazer em caso de picada? Lagoa Santa tem soro antiescorpiônico suficiente para atender a população? Quais são as primeiras atitudes que devemos tomar após a picada?
De acordo com o Corpo de Bombeiros existem dois tipos de escorpiões mais comuns em Minas Gerais. Um deles é o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) que é a espécie que causa mais acidentes. Segundo o BBM está especie registra um dos maiores óbitos em crianças e idosos. O escorpião possui esse nome porque suas pernas e caudas são de cor amarelada. O tronco é escuro e o tamanho do aracnídeo é cerca de 7 cm de comprimento.
O escorpião possui dois partos por ano, gerando cerca de 20 escorpiões. O aracnídeo chega a ter aproximadamente 160 filhotes em toda a sua vida. O veneno do escorpião amarelo age no sistema nervoso. A picada é dolorosa e pode provocar dor não apenas no membro atingido, mas nas outras partes do corpo.
O segundo é o escorpião marrom (Tityus bahiensis) que tem mais incidência em áreas rurais. Ele possui cor marrom clara e escura, bem diferente do escorpião amarelo. Ele mede cerca de 5 a 7 cm de comprimento e diferente dos escorpiões amarelos, onde ocorre uma autofecundação, nos escorpiões marrons, é realizada a atividade sexual entre machos e fêmeas. Eles geram cerca de 36 filhotes em 2 partos por ano.
O tenente Pedro Aihara conversou com a gente e chamou a atenção para diversas situações. “Se você for picado pelo escorpião amarelo deve procurar atendimento médico rapidamente. Se você tocar, apertar ou sugar o ferimento, pode agravar a situação. Todo cuidado é pouco em relação aos escorpiões amarelos. Já o escorpião marrom, é preciso destacar, que o veneno deste escorpião é um dos mais tóxicos da América do Sul. Ele age sobre o sistema nervoso periférico e causa uma série de sintomas incômodos como pontadas, dor, diminuição da temperatura corporal e aceleração cardíaca”, explica em entrevista exclusiva.
Segundo Aihara o escorpião gosta de lotes vagos e orienta para se a pessoa detectar algo do tipo próximo de casa, pra notificar a prefeitura para que ela responsabilize o dono do lote. “É obrigação do proprietário manter os locais em condições sanitárias adequadas. Mesmo com todos os cuidados e ainda assim foi picado, é preciso se deslocar imediatamente para o hospital, já que são apenas 6 horas para o veneno se espalhar por todo corpo. Em crianças a situação ainda é mais grave, já que a relação peso e quantidade de veneno, desfavorece as crianças”, explica.
Entramos em contato com o secretario municipal de Saúde, Gilson Urbano, que representa também o setor de zoonoses da cidade, e ele explicou que a Santa Casa de Lagoa Santa tem um atendimento para todos os cidadãos na emergência, com alguns protocolos especiais para atendimento a menores de 07 anos.
Gilson explicou que o veneno do escorpião ocasiona um quadro sistêmico que varia muito, dependendo da quantidade de veneno inoculado, da idade do paciente, sendo mais graves nos menores. “O início da sintomatologia é rápido, e a gravidade do caso já é percebida com 1 a 2 horas após a picada.”, diz
Hoje em Minas Gerais quem produz e distribui o soro antiescorpiônico é a Fundação Ezequiel Dias. “O setor de Imunização do município realiza junto à Secretária de Estado de Saúde de Belo Horizonte (SRS-BH) solicitação do soro antiescorpiônico para atendimento no Hospital Santa Casa. O Setor de imunização encaminha, faz a retirada dos frascos de soro na Rede de Frio da Regional de Saúde em BH e deixa-os armazenados no Hospital, onde ocorrem os atendimentos. O controle de estoque e a solicitação de novas doses são realizados pelo setor de imunização”, explica.
Paulo Boschi que é o administrador do Hospital Santa Casa confirmou que existe estoque do veneno na cidade. Infelizmente, as perguntas que encaminhamos para o diretor técnico não foram respondidas antes do fechamento da matéria.
Como cuidar do quintal – Gilson Urbano pediu durante a entrevista que cada um assuma a responsabilidade com a limpeza do quintal. Ele disse que os cuidados neste momento da pandemia, que muitos estão praticamente o dia inteiro dentro de casa, devem ser redobrados para evitar acidentes com escorpiões. “Munícipes mantenham berços distanciados das paredes, eliminem os restos de alimentos que servem para as baratas, alimento preferido dos escorpiões. Uma dica é para ficar atentos, pois os escorpiões comem somente a cabeça das baratas. Proponho que comprem naftalina e coloquem nos ralos e caixas de passagens com cloro e vedar para que a composição gasosa possa matar o escorpião que fica escondido nas tubulações. Em locais úmidos o medicamento usado é o Ok-Otrines que impede a passagem do escorpião”, pondera.
Para ele o ideal é manter ralos e caixas de passagem vedados, não acumular entulhos, tomar cuidados com lenhas, atentar aos cuidados de casas próximas em processos de construção. Caso haja o aparecimento de escorpiões nas residências, os moradores podem acionar o Setor de Zoonoses e até agendar a visita do “Agente de Controle das Endemias” que ajuda na identificação dos possíveis abrigos e orienta com medidas preventivas. Telefone: (031) 3688-1446.
O tenente Pedro Aihara do Corpo de Bombeiros deu uma dica para quem tem espaço no quintal. Ele disse que as galinhas são predadores naturais dos escorpiões e podem “varrer” seu quintal e ainda servir de animal de estimação. #ficaadica
Foto – Revista Veja