Iano Almeida
Há quase dez anos no mercado, o Grupo Impactto de Comunicação ocupa hoje uma posição privilegiada no setor e tornou-se o maior Grupo de Comunicação do Vetor Norte, além de figurar entre os maiores do estado de Minas Gerais. Segundo o seu diretor geral, Ruan Carlos Moreira, com essa performance conquistada com muito trabalho e dedicação profissional, o Grupo Impactto sente-se habilitado a falar sobre os problemas de Lagoa Santa, principalmente por ter recebido centenas de reclamações e sugestões de seus leitores ao longo desses anos.
Baseado nisso, o Grupo Impactto lançou uma pergunta nos seus canais de mídia: “Qual Lagoa Santa você sonha para viver?” e, previsivelmente, centenas de frases chegaram com todos os tipos de reivindicações, sugestões e reclamações que poderiam balizar uma administração pública voltada para o bem comum. Nesta entrevista, Ruan Carlos fala dessa campanha e dos seus objetivos.
Jornal Impactto News: O Grupo Impactto de Comunicação lançou uma campanha recentemente para saber qual a Lagoa Santa dos sonhos de cada um, qual o motivo dessa campanha?
Ruan Carlos Moreira: Na realidade, essa campanha que nós lançamos agora foi inspirada em duas situações que tive conhecimento recentemente. A primeira é o caso de uma criança de apenas 11 anos que obrigatoriamente ia para escola não para estudar, mas sim para se alimentar. E pasmem, por uma situação crítica, acabava por passar o final de semana sem se alimentar, pois não tinha nada em casa, e contava as horas para chegar a segunda feira e ir para a escola comer. A outra situação foi por causa do Projeto Alimenta Brasil, criado por Vera Branco em 2003. Conheci esse projeto e fiquei sabendo que desde 2007 ele foi interrompido por completa falta de interesse do poder público em mantê-lo. Por que um projeto do nível do Alimenta Brasil foi totalmente desprezado, já que beneficiava mais de 300 famílias carentes só em um bairro? Esse projeto que ajudava a alimentar essas famílias não poderia ter uma atenção dos nossos governantes? No meu entendimento, nossos representantes, em sua maioria, não estão acostumados, ou talvez, não queiram ouvir as pessoas. Como se constrói uma cidade sem ouvir as pessoas? O que elas estão precisando? O que realmente é necessidade? Prioridade? Por diversas vezes me pergunto se os nossos políticos trabalham por uma cidade que as pessoas querem ou uma cidade que eles querem? Fato é que raramente vimos nossos representantes nas ruas ouvindo as pessoas. Como diz o ditado, várias cabeças pensam melhor que uma, mas em Lagoa Santa não é assim!
Agregado a isso, por sermos um grupo de comunicação, recebemos diariamente variados tipos de reclamações, elogios e sugestões, o que mostra a real situação em que se encontra o morador de Lagoa Santa. O que deu para perceber é que a maioria não está satisfeita com a situação e que, de uma forma ou outra, esta pessoa passa por alguma dificuldade pela deficiência do poder público. Mas geralmente tem alguma sugestão, ou mesmo a solução para o problema que está vivendo. Só que, isoladamente, esta sugestão não chega nem a ser discutida e muito menos implantada.
Ai eu pergunto, será que é tão difícil assim ouvir as pessoas? Então, por que quando chegam as eleições, a maioria deles parece incorporar um ator e sai às ruas cumprimentando as pessoas, dando abraço, aperto de mão, fazendo promessas de melhoria de vida? Lagoa Santa não é uma novela e acredito que as pessoas não querem políticos transvestidos de atores. A responsabilidade de um político é muito grande e eles precisam ter consciência disso.
JIN: E como o Grupo Impactto pode ajudar nisso?
RCM: O Grupo Impactto quer ajudar nessa comunicação e ser o elo entre o cidadão comum e a administração pública. Eu acredito que uma boa administração é aquela que escuta o morador, tanto de um condomínio de luxo, quanto aquele que mora em uma casa simples lá na ponta da rua e que não goza de nenhuma infraestrutura. Mas não é esse escutar tomando uma cachacinha ou um cafezinho e dando tapinhas nas costas, é o escutar com seriedade e planejar a solução para o problema que aquela comunidade está apresentando. É nisso que o Grupo Impactto pode ajudar e é com esse projeto que poderemos conhecer mais a fundo o problema de cada um. A Impactto vai abrir um espaço para as pessoas terem voz, uma vez que a administração pública parece não estar preocupada com isso.
JIN: Mas você acha que a administração pública não tem esse conhecimento?
RCM: Acredito que eles até tenham, pois não é raro ouvirmos que saiu uma pesquisa política e creio que nessa mesma pesquisa devem ter levantado a situação das comunidades. Mas pela estatística parece que não se incomoda muito com isso. Pela excessiva demanda, alguns setores deixam muito a desejar, e isso, acredito, está na falta de escutar, de saber o que realmente é o mais importante naquele momento: se é uma avenida super iluminada para impressionar o visitante ou é criar condições para aquela família em alta vulnerabilidade se sustentar com dignidade. Até porque se eu não crio condições para aquela família se sustentar, alguém dessa família pode vir a assaltar aquele visitante que fica impressionado com a avenida super iluminada. As pessoas podem até não querer enxergar, mas claramente existem duas Lagoas Santas, uma vinculada às imagens lindas dos cartões postais, do Jacaré, das Capivaras, das obras de infraestrutura que são importantes, mas outra onde tem pessoas passando fome. Isso mesmo, passando fome! Tem que ser muito ator para não ver uma família passando fome e não se importar com isso!
JIN: Você quer dizer que a prioridade é o social?
RCM: Não estou querendo dizer isso, estou querendo dizer que acredito na dosagem certa para cada problema, mas, para que isso aconteça, tenho que escutar todas as partes e saber os problemas que os afligem. Qual a prioridade da cidade? Vamos falar a verdade, a cidade politicamente é rachada. Temos inúmeras lideranças políticas, todas com muito valor intelectual e que atraem a atenção de pessoas ligadas a várias bandeiras. Do social à educação. Da saúde ao desenvolvimento. Bom, se existem vários grupos é porque existem várias necessidades. Agora o que é prioridade? Você tem apenas duzentos reais e as vasilhas da sua casa estão vazias. O que você faz? Vai ao mercado abastecer a despensa ou vai para o Shopping comprar um tênis? Qual a prioridade?
JIN: E como o Grupo Impactto entra nisso?
RCM: Escutando as pessoas e conhecendo as demandas, como tem acontecido desde que colocamos a campanha para o público. Para nós, esse é um processo mais fácil, pois já temos um alto nível de informação sobre a situação em que se encontra cada canto da cidade.
Além de escutar as pessoas via whatsapp e e-mail, vamos promover encontros com pessoas ligadas a vários setores da sociedade e discutir com todos eles sobre qual a cidade que sonhamos. Já tivemos o primeiro encontro e digo que foi extremamente proveitoso, porque tivemos aqui pessoas realmente comprometidas com o bem comum e não com politicagem barata. Pessoas que também querem falar, serem ouvidas.
Digo ainda que fiquei surpreendido com o envolvimento e a percepção das pessoas em quererem se movimentar para termos uma cidade mais saudável em todas as áreas.
JIN: De posse de todas essas informações e impressões, o projeto “Qual Lagoa Santa você sonha para viver” quer chegar onde?
RCM: No final de todo esse processo, acredito que teremos um número muito grande de informações e conhecimento dos reais problemas e condições de vida de quem mora em Lagoa Santa e de quem verdadeiramente se preocupa com ela. De posse dessas informações, buscaremos profissionais especializados e competentes em cada área para fazer um raio x técnico apresentando os problemas e soluções viáveis e responsáveis, de acordo com as reivindicações dos moradores.
O resultado final será uma carta de intenções que apresentaremos ao futuro gestor de Lagoa Santa, seja ele quem for, para que norteie a sua administração baseada na vontade do povo e não na vontade de poucos assessores. Se colocar em prática, vai evitar que os políticos façam um plano de governo e depois ganhem as eleições e esqueçam esse documento guardado na gaveta.
Espero que essa iniciativa do Grupo Impactto de Comunicação seja reconhecida e tenha a devida adesão popular, só assim chegaremos fortes para exigirmos algo de nossos governantes.