“São as águas de março fechando o verão…”. Como dizia Tom Jobim, para fechar o verão não podem faltar às chuvas de março que abrem a nova estação: o outono.
O outono chegou! E com ele os meses mais frios do ano. Esse período de transição de estação é marcado pela queda brusca na temperatura e pela baixa na umidade relativa do ar. O que provoca um aumento considerável de doenças respiratórias, inflamatórias e alérgicas. “É começar o outono e minha vida muda muito”, relata a instrumentadora cirúrgica Poliana Andrade.
Segundo a otorrinolaringologista, Dra. Luciana Ramos os problemas mais comuns são as infecções respiratórias. Entre as principais enfermidades do gênero estão à gripe e o resfriado, que costumam ser confundidas. Segundo a doutora, a gripe é causada somente pelo vírus influenza, enquanto os resfriados, por muitos outros, como o rinovírus, adenovírus, coronavírus e vírus sincicial respiratório. “A gripe é mais grave. Além dos sintomas de resfriado, como coriza, mal-estar, dor no corpo e febre alta”, alerta. Segundo a doutora outras patologias que incomodam no período frio são otite, bronquite, asma, sinusite, rinite e a conjuntivite.
“Até agosto é uma incessante luta contra a sinusite e alergias. Tenho muita coriza nasal, ardência na face, espirros intermináveis, coceira incessante no nariz por causa dos ventos fortes”, diz Poliana. Dra. Luciana ressalta que nessa época do ano é preciso ter cuidados especiais com algumas doenças, já que as características do clima propiciam seu surgimento e sua disseminação.
O clima seco faz com que a poluição fique mais concentrada por causa da sujeira suspensa no ar e a tendência é piorar com a aproximação do inverno. “Há também uma alteração comportamental no outono que piora o cenário. Com as temperaturas mais baixas, as pessoas tendem a buscar lugares fechados, onde há aglomerações. Isso predispõe a disseminação de patógenos pelo ar e por superfícies”. Luciana explica que algumas infecciosas podem ser transmitidas, principalmente, por vírus e bactérias. “Esses micro-organismos entram no corpo, contagiando-o através de gotículas dispersas no ar pela transmissão oro nasal e também pelo contato com superfícies contaminadas”.
Segundo a doutora as pessoas que tem bronquite, rinite, asma, sinusite crônica de causas alérgicas e inflamatórias realmente sofrem mais com a chegada do outono e do inverno.“Toalhas são penduradas na janela, pra tentar amenizar o tempo seco, baldes e bacias de água matizada para abrir as mucosas e também amenizar o ar seco, cortinas e cobertores são retirados e além dos inúmeros antialérgicos, histamínicos, corticoides que são usados para prevenir. Os umidificadores de ar e os soros são nossos melhores amigos nessa época”. Esses são os cuidados que Poliana Andrade adotou para combater as doenças.
Segundo a doutora, as pessoas com imunidade mais debilitada, como idosos e portadores de enfermidades crônicas, e aquelas com imunidade imatura, no caso, crianças, são as mais atingidas. Além também dos pacientes que utilizam medicamentos que deprimem a imunidade, por exemplo, quimioterápicos e corticoides. “Os fumantes têm risco ampliado, já que ao fumar há a agressão das vias aéreas, que comprometem suas estruturas de defesa”, diz.
É muito importante ficar atento e se cuidar, pois, as infecções virais podem ser a porta de entrada para outras doenças mais graves. “Já que diminuem a imunidade e deixam o organismo debilitado. A pneumonia, causada por bactéria, é a grande preocupação. De acordo com a OMS, é a principal causa de mortes no mundo em crianças abaixo de seis anos e o maior motivo de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil”, finaliza a especialista.
PREVENÇÃO
– Hábitos eficazes de higiene, como lavar frequentemente as mãos, evitar levar as mãos “sujas” aos olhos, boca e nariz; lavar as mãos antes de manusear alimentos; usar lenços descartáveis para limpar e assuar o nariz; cobrir a boca ao tossir etc.
– Como o ressecamento das mucosas pode levar a inflamações e diminuir a produção de secreções (que contêm anticorpos), é importante ficar atento à hidratação. Portanto, beba bastante água.
– Em dias de baixa umidade relativa do ar, coloque bacias com água em casa, principalmente quem tem alergias. Pode-se apostar no umidificador, mas por pouco tempo, já que o uso prolongado pode facilitar a proliferação de fungos e ácaros.”
– Mantenha uma alimentação equilibrada e pratique exercícios.
– Pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças mais novas e doentes, devem evitar grandes aglomerações.
– As roupas devem ser adequadas à temperatura. Quando estiver mais frio, é recomendado se agasalhar melhor.
– Aqueles que apresentam sintomas, como tosse, febre, falta de ar e corrimento nasal, devem procurar o serviço médico para tratamento e orientação, o que pode evitar a disseminação.