Em se tratando de flores, as orquídeas são as mais prestigiadas desde os tempos antigos. De suas preciosas cores e perfumes surgem amores intensos e poderosas alianças. Dizem que foi uma escrava quem aconselhou a Rainha de Sabá: “Ao maior dos reis, leve um buquê de orquídeas”. A dica foi certeira e preciosa; o Rei Salomão se enamorou pelo presente e também pela própria rainha.
Quem conta a história é Eduardo Lima, professor de história pela Escola Estadual Nilo Maurício Trindade Figueiredo, em Lagoa Santa. Além de professor e ótimo contador de histórias, Eduardo é também um sábio das orquídeas. O orquidófilo e professor realiza reformas e manutenções em orquidários, além de projetar paisagismos externos com as flores. O Portal Impactto foi até o santuário de orquídeas de Eduardo para conhecer a história de sua paixão pelas flores e para trazer ao leitor algumas importantes dicas sobre orquídeas e seus cuidados fundamentais.
O orquidário de Eduardo é, de fato, um santuário com cerca de 500 espécies. Através de um olhar mais próximo e íntimo, é possível perceber que a própria atmosfera do espaço é modificada para controlar a luz e o calor. O professor explica que este ambiente controlado é essencial, pois grande parte das orquídeas precisam da incidência indireta ou parcial da luz para florescer, a depender da espécie. Eduardo ainda acrescenta que amantes de orquídeas que moram em apartamento podem se deparar com flores interrompidas no processo de desabroche mais rapidamente devido à ausência de luz no ambiente.
“As orquídeas podem ser realocadas como objeto decorativo por algumas horas, mas é importante trazê-las de volta à luz quando for possível para que durem mais.”
Mas apesar de parecerem delicadas e sensíveis, as orquídeas são flores resistentes, desde que agradadas e tratadas adequadamente. Eduardo afirma que graças à aprimoração de adubos e dos métodos de orquidicultura, além da natureza adaptável das orquídeas, essas flores têm se tornado cada vez mais populares e superam as expectativas de seus admiradores.
“Essas inovações expandem o mercado das orquídeas e derrubam a elitização das informações sobre o seu cultivo, que era comum no passado. Naquela época, só quem pudesse pagar caro é que teria as orquídeas e o conhecimento sobre elas.”
Além das quase quarenta mil espécies já reconhecidas pelos estudos da botânica, Eduardo explica que existem outras variedades de orquídeas denominadas híbridas, desenvolvidas através do cruzamento das espécies em procedimentos de reprodução artificial ou natural das orquídeas. O resultado dessa mesclagem são flores de cores impressionantes e formatos fantásticos.
A exuberante variedade de orquídeas tem se tornado cada vez mais atrativa, especialmente na pandemia, quando as pessoas têm estado mais em casa e, portanto, mais concentradas em atividades domésticas como jardinagem e decoração do lar.
“O mercado tem se esforçado para suportar a demanda, mas com o aumento dessas atividades e o efeito econômico da pandemia em contrapartida, até mesmo os grandes orquidicultores têm enfrentado dificuldades.”
No entanto, o cultivador se mostra otimista com o próximo semestre do ano de 2021. Assim também parecem reagir as flores; no orquidário, os vasos estão cheios de botões verdes que prometem orquídeas das mais diversas partes do Brasil e do mundo.
A Paixão pelas Orquídeas e a Orquidologia
Quando perguntado sobre a origem da apreciação pelas orquídeas, o professor Eduardo visita a infância e se lembra das primeiras cores e essências no orquidário da mãe, em Entre Rios de Minas, onde passou parte da infância.
“Minha mãe possuía um orquidário, tenho lembranças dela regando as flores e conversando comigo”, contou. A mãe faleceu algum tempo depois, mas semeou no jovem Eduardo o desejo de cultivar e cativar. Anos mais tarde, o professor mudou-se para Belo Horizonte, onde continuou estudando o cultivo de orquídeas, mas foi em Lagoa Santa que o sonho de construir seu próprio orquidário se consolidou.
“Me lembro de ir às feiras e exposições com uma caderneta, na qual eu anotava informações e fazia desenhos para reconhecer as espécies que eu tinha em casa. Na época, as informações e imagens das orquídeas não circulavam facilmente, então precisei improvisar.”
A caderneta, datada de 1994, permanece como um registro de seus primeiros passos na orquidologia. A coleção da revista O Mundo das Orquídeas também permanece entre em sua estante particular. O orquidófilo explica que a revista revolucionou e desmistificou muito do conhecimento sobre as flores em uma época em que a orquidologia ainda era bastante restrita.
Com a aquisição do conhecimento e a admiração pelo mundo das orquídeas, Eduardo se juntou a outros orquidófilos para a criação da Associação Orquidófila de Lagoa Santa, em 2001. Os esforços voltaram os olhares de grandes admiradores e produtores de orquídeas em todo o Brasil para o município. A Associação Orquidófila conta hoje com a participação de ilustres cidadãos de Lagoa Santa, como Cléber Lima, ex-presidente da Associação, e da Vereadora Sargento Sabrina, atual presidente.
À nossa equipe, a vereadora conta que é apaixonada pelo cultivo de orquídeas e que desenvolveu a atividade de maneira terapêutica:
“Eu precisava lidar com muitas coisas ruins. Meu modo de me distrair e acalentar minha alma passou a ser o cuidado das minhas plantas. Durante esses onze anos envolvida com o cultivo de orquídeas, eu fui a várias exposições e ganhei vários prêmios e hoje tenho a honra de estar na Associação e ser presidente.”
A Vereadora Sargento Sabrina conta ainda que dispõe de pelo menos 400 espécies em seu orquidário particular. Eduardo, que é um grande amigo, conhecido através da Associação, é quem realiza os cuidados de suas orquídeas, em razão da vereadora dispor de pouco tempo.
Mas se engana quem acredita que essas belas flores só ganharam olhares de cidadãos ilustres em Lagoa Santa nos últimos anos. O professor Eduardo conta que as flores estão presentes na história e na ecologia da cidade. Natural professor e pesquisador de história, ele afirma que os estudos de Lund na região de Lagoa Santa, realizados juntamente com o botânico Eugenius Warming, desabrocharam em decobertas e classificações de espécies nativas da nossa região.
Aos que ainda desejam descobrir os prazeres do cultivo e cuidado das orquídeas, o professor recomenda:
“Comece pelo simples e aprenda aos poucos. Conheça primeiro as plantas híbridas e mais resistentes, pois plantas raras e caras podem ser sinônimo de dor de cabeça. Também é importante aprender como plantar, replantar e cultivar.”
Conheça mais sobre o professor Eduardo através do @eduardoorquideas.
A Associação de Orquidófilos de Lagoa Santa
A Associação Orquidófila de Lagoa Santa é presidida, atualmente, pela Vereadora Sargento Sabrina. A vereadora contou à nossa equipe que também está otimista para a retomada das exposições no próximo semestre de 2021, uma vez que foram interrompidas no ano passado em razão da pandemia da Covid-19.
A Vereadora afirmou ainda que, com o cumprimento das boas expectativas em relação à pandemia, será realizada, no fim do ano, a Exposição de Orquídeas da Associação Orquidófila de Lagoa Santa, no colégio M2.